Os olhos não se desgrudavam do relógio pendurado na parede. Evitava piscar para não deixar os segundos fugirem; a música baixa se misturava com o TIC-TAC, transformando-se em uma melodia melancólica.
Seu jovem coração estava estraçalhado e uma dor profunda e oca pulsava no seu peito, na sua cabeça, nas pontas dos dedos. Ela era inteira dor. Estava em plana consciência da foto rasgada ao seu lado, mas seus olhos se recusavam a se desviarem dos ponteiros que pareciam trabalhar cada vez mais devagar.
Seu momento poderia parecer masoquista diante de muitos, mas ela estava em seu perfeito juízo e fazia questão de aproveitar cada minuto da dor que sentia, porque aquela era a forma mais viva de saber que ele fora real um dia.
Bel
Não é errado sentir medo, todo mundo sofre, todo mundo grita, todo mundo se sente desse jeito, e está tudo bem.
A.L
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